sábado, 7 de abril de 2018

"Ganhar ou perder, mas sempre com Democracia"

Amanhã, oito de abril, o Corinthians novamente entra em campo para disputar uma final de campeonato. E mais uma vez o querido Paulistão. E mais uma vez contra o rival.

Amanhã, oito de abril, está em branco e preto mais uma vez de se fazer história, história esta marcada pelo protagonismo no dia-a-dia imaginário e também prático do trabalhador brasileiro e, por que não, mundial.

O país vive sob ameaça do cerceamento das liberdades democráticas, vive sob crise política enquanto uma quadrilha altamente organizada e eficiente neste sentido - e apenas neste - governa o país, vive período de crise econômica tendo como o desemprego sua consequência mais nefasta. Ou seja, o Brasil vive dias de Brasil.

E pelo Brasil viver dias de Brasil é que o Corinthians é o Corinthians, a materialização dos anseios populares tornada real, mobilizando, conscientizando e transformando a realidade da vida cotidiana para melhor. O Corinthians junta pessoas, em um momento de distensão patrocinada da sociedade. O Corinthians desfralda a segregação, num momento de polarização forçada.

Em 1983, período da Ditadura Militar, o Corinthians simbolizou, mais uma vez, o sentimento das ruas, das casas, das cabeças e das almas dos que trabalham. Entrou em campo para disputar a final do campeonato paulista empunhando orgulhosa e corajosamente uma faixa com os dizeres: "GANHAR OU PERDER, MAS SEMPRE COM DEMOCRACIA".

Fomos campeões naquele ano, aliás, bicampeões. Mas campeã mesmo foi a sociedade. Foi a manifestação de se gritar NÃO ao totalitarismo de botas que à força e derramando muito sangue substituiu a caneta pela baioneta, a discussão por sequestros e assassinatos, o debate de ideais pela brutalidade covarde - ainda mais covarde pois monopolista da violência física - daqueles que, por estarem armados não poderiam jamais legislar e executar, do mesmo modo que quem legisla ou executa, não pode estar armado. Se tudo, é DITADURA!

Pelos seus dias de Brasil, de assassinatos de parlamentares, pela repressão de movimentos sociais, pelo clamor de uma minoria psicopata por intervenção militar - desprezando o fato de que já temos intervenção militar todos os dias na figura de uma polícia militar parceira em todos os meandros do crime organizado brasileiro - por um sistema judiciário totalmente subjetivo e parcial, que julga sob humores, amores, filiações partidárias, ou interesses societários, pela iminente prisão do líder das pesquisas eleitorais à mando de um juiz fortemente ligado ao partido adversário no mesmo dia em que governadores e prefeitos se descompatibilizaram com seus cargos para disputar a mesma eleição, pela intervenção militar e midiática no Rio de Janeiro, é por viver seus dias de Brasil que o Corinthians deve entrar em campo amanhã com a mesma faixa de 1983.

Que em seus 107 anos o Coringão nosso de cada dia rematerialize Sócrates e todos os demais mosqueteiros que honraram esta camisa gloriosa. E como fizeram isso? A resposta é simples: levando para dentro de campo TODO E QUALQUER INALIENÁVEL DESEJO E NECESSIDADE pela vida que os fora de campo clamam.

Por paz, trabalho e renda, e democracia!

Viva o Corinthians nosso de cada dia!



domingo, 1 de janeiro de 2012

Garra Corinthiana

Letra:            Luiz Carlos Xuxu e Branca di Neve
Música:        Luiz Carlos Xuxu e Branca di Neve
Ano:              1989
Intérprete: Branca di Neve

Letra:

Vamos, Coringão
Vai na raça
Que esse jogo vale a taça
Não pode marcar bobeira

O Morumba tá lotado
Os Gaviões tão inflamados
Vamos balançar nossas bandeiras

A dose vai saltando
Com foguete pra jogar papel picado
Pra nação Corinthiana. Corinthiana...

Hoje vou pro campo com minha nega
Meu pandeiro, minha viola
Várias garrafas de cana

Porque... Eu pensei:
São Jorge vai nos ajudar
Vai, vai, vai
São Jorge também vai jogar

Vai, vai, vai
São Jorge vai nos ajudar
Vai, vai, vai
São Jorge também vai jogar

Doutor, eu não me engano
Meu coração é Corinthiano

Se o Corinthians não ganhar
Olê, olê, olá...

Comentários deste blog:

Branca di Neve, ou Nelson Fernandes Morais, Paulistano, é uma referência do samba-rock, swing e/ou sambalanço.

Lançou dois discos: "Branca mete bronca!" volumes 1 e 2. O segundo em 1989, ano da composição Garra Corinthiana, e também, infelizmente, ano de seu falecimento aos 38 anos, vítima de derrame cerebral.

Segundo Tárik de Souza Branca di Neve "passou pelos Originais do Samba, roncou surdo com o Luis Wagner guitarreiro celebrado por Jorge Ben Jor, seu ídolo e modelo, com quem também tocou, além de Nara Leão, Baden Powell e Toquinho. Os dois discos refletem a influência do samba rock ou suíngue do Babulina que se transformaria na célula básica (depois deturpada) do pagode paulista. Com sua voz quebrada que em alguns momentos lembra Luís Melodia, agulhada pelos sopros gingantes do estilo, Branca canta outros expoentes do setor como Bedeu (Kid Brilhantina), Luis Wagner (Oi), Marku (Canaviá), Zelão (Boca Louca), além das próprias composições, uma delas, A Cor de Deus, que ele chegou a mandar numa apresentação para o bispo africano Desmond Tutu numa visita à Bahia. Com uma taxa de originalidade maior que a do diluidor Bebeto, Branca desenvolve uma ramificação da matriz benjoriana, incluída nos discos em duas contribuições menores, Falsa Magra e Quer Moleza. Para completar, Salgueiro é Raiz cita o verso inicial de Lá Vem Salgueiro e a adaptação para suíngue de Fico Louco de Itamar Assumpção evoca de início Bebete Vambora, ambas do mestre-escola. A morte precoce de Branca cortou as asas desse ramal promissor do samba rock."

Branca era Corinthiano. Ainda o é, em outro plano. Sua composição com o brilhante Luiz Carlos Xuxu é daquelas que dizemos que "só quem é...". Que saudades dos foguetes que jogava papel picado, das bandeiras tremulando. "Vai, vai, vai, São Jorge vai nos ajudar!".

Garra Corinthiana é quase um pleonasmo. Mas que fique bem claro, que não se perca, e que honrremos a memória e a caminhada daqueles que de maneira ou outra fazem com que nosso Corinthians perdure SEMPRE ALTANEIRO.

A citação que fazem de dois dos mais populares ditos Corinthianos é emocionante: "Dr., eu não me engano...", e a declaração da Guerra Santa Corinthianista, nossa Jirad: "Se o Corinthians não ganhar, olê, olê, olá...".

Branca, Luiz Carlos, muito obrigado por enriquecer a Cultura Corinthiana.

Faça o download da música "Garra Corinthiana" de Branca di Neve e Luiz Carlos Xuxu:

domingo, 3 de julho de 2011

O Corinthians e Shakespeare

O ano era 1597.

O texto, a peça "Henrique IV" (Henry iv), de Shakespeare.

A cena IV se inicia. Príncipe Henry adentra a taberna "Cabeça de Javali" (the "Boar's-Head Tavern"), e diz: "I am no proud, Jack, like Falstaff; but a Corinthian, a lad of mettle, a good boy."

Ou, na nossa língua mãe; "Eu não sou orgulhoso, Jack, como Falstaff; mas um Corinthiano, um rapaz de coragem, um bom menino".

Acredito que a palavra-santa “CORINTHIANO” foi usada pela primeira vez como um adjetivo, como uma qualidade, neste escrito Shakesperiano.

Até então, CORINTHIANO era substantivo, que designava o Povo de Corinto (Corinthian), na Grécia. Corinthiano, utilizado por Shakespeare, designa Cavalheirismo, Nobreza (nos atos), Coragem. Mais de 400 anos depois defendemos a Lealdade, a Humildade e o Procedimento.

Alguns séculos depois, na mesma Inglaterra de Shakespeare, surgia o Corinthian Football Club, em 1882. E foi daí que passamos a gritar Corinthians! Esta foi a equipe a excursionar pelo Brasil inspirando o nome do Time do Povo, quando de seu nascimento no Bom Retiro.

Para entender o motivo da escolha do nome do time Inglês, e seu significado mais original, há que se deter da história da própria Corinto Grega e da sua contribuição a humanidade no campo das Artes, das experiências sociais dos Templos de AcroCorinto, sua organização, princípios e objetivos, tão a frente de seu tempo que causou aguda preocupação no apóstolo Paulo. Na 1º Carta de Paulo aos Coríntios, que é uma carta de aconselhamento, há um "poema sobre o Amor". Eis seu início:

"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse Amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse Amor, nada seria."

Até os dias de hoje é utilizada na Inglaterra a expressão Corinthian Spirit (Espírito Corinthiano) para designar atos de cavalheirismo, nobreza, o melhor sentido do amadorismo, tanto no desporto quanto nas relações sociais. O Espírito Corinthiano, da qualidade a que Shakespeare se referia há quase cinco séculos, deu origem a expressão Fair Play.

E coube a nós, e cabe a nós, Corinthianos, preservar, fortalecer e multiplicar esta corrente, desde o início do século passado, a luz do lampião, sob o brilho do cometa Halley, as mãos trabalhadoras, povos de todas as partes do mundo.

Aqui é Corinthians!

Viva o S. C. Corinthians Paulista, que imortaliza os ideais milenares do Homem na luta pela Liberdade e Emancipação.

#Itaquera