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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Corinthians Campeão Brasileiro de 1990


O relato a seguir é de Uilson Souza, que espontaneamente, na passagem entre os dias 15 e 16 de Dezembro, revirou suas memórias e as disponibilizou via Twitter.

Este blog o capta e registra em suas páginas. Boa leitura.

16 de Dezembro de 1990: Corinthians Campeão Brasileiro 

Ronaldo, Giba, Marcelo, Guinei e Jacenir, Márcio, Tupãzinho e Neto, Fabinho, Wilson Mano e Mauro;

Operários Corinthianos que levaram o Corinthians a um novo patamar!

Dia 16/12, aos 9 minutos do segundo tempo, Pedro Francisco Garcia marcava o gol do título em cima do SP;

Naquele ano começamos muito mal o campeonato...derrotas para Grêmio e Cruzeiro por 3 a 0 no Olímpico e 0 a 1 no Morumbi;

Depois empatamos em 0 a 0 com o Vitória na Bahia;

Vencemos o Porco por 2 a 1;

Vencemos o Flamengo no maracanã com gols de Paulo Sérgio e Tupãzinho...Renato Gaúcho descontou para o urubu;

Um jogo memorável contra o Atlético-MG em Minas...vencemos por 3 a 1 com gols de Giba, Neto (golaço de Falta) e Mauro;

Vencemos o Santos no Pacaembúu por 1 a 0 com gol de um menino que acabara de chegar...Dinei;

Teve o jogo onde a fiel foi apresentada a um grande ídolo e homem...Ezequiel...Corinthians 1 x 0 Náutico - golaço de falta de Neto; 

Uma vitória dramática em cima do Flumilixo por 1 a 0 - gol de Antonio Carlos (que veio no pacote do São Bento com Guinei e Tupãzinho); Engraçado o futebol...Guinei era o alvo. Fez um excelente Paulista em 1989 pelo time de Sorocaba.

Antonio Carlos e Tupãzinho vieram de contra-peso...Antonio Carlos foi aquele que não vingou. Guinei se queimou em 1991, quando já estava marcado pelo péssimo jogo em La Bombonera contra o Boca...no jogo de volta pensou ser capaz de driblar Gabriel Batistuta...aí, no fim das contas, o Morumbi com 90.000 Corinthianos viu a vaga ir por água abaixo...mas, isso é outra história. 

Neste jogo Ronaldo pegou penalti e disse: "Hoje marquei um gol para o Corinthians"; 

Alguns percalços rondaram a campanha de 1990:

Derrotas bobas para o Goiás por 3 a 1 com show de Josué, Jorge Batata e Túlio...além de Luvanor...Wilson Mano fez o gol e honra;

Um empate de 0 a 0 com o Vasco onde Dinei perdeu um gol feito debaixo da linha do gol...a bola passou por entre suas pernas;

Um empate besta diante do Bragantino...vencíamos por 2 a 0, cedemos o empate..e quase perdemos..Silvio e João Santos infernizaram nossa zaga;

Perdemos por 1 a 0 para o Botafogo no Caio Martins com gol marcado aos 38 do segundo tempo...matando o Timão...

A derrota para o Inter por 3 a 0 no Pacaembúu foi um balde de água fria..naquele dia Paulinho Criciúma ex-botafogo detonou...não jogamos nada;

Com essa derrota estaríamos fora...mas, a Portuguesa venceu o Goiás por 2 a 0 e nos classificamos pelo saldo de gols;

O Corinthians estava na fase final...meio combalido pelos últimos jogos, mas, um novo ânimo tomou conta do time;

Atlético-MG, Corinthians, Grêmio, Palmeiras, Bahia, Bragantino, São Paulo e Santos iriam brigar pelo título;

Grêmio passou pelo porco, o bambi passou pelo s4n7os e o bahia deixou o bragantino no chão...

Pegamos o Atlético-Mg aqui no Pacaembú lotado...entramos com outro espírito...bem diferente daquele que reinava no time na primeira fase;

Era outro Corinthians...era outra pegada...era o Corinthians avassalador...saímos perdendo com gol do finado Gerson (Galo, Inter e seleção);

Mas viramos com dois gols dele Neto...sendo um de cabeça...algo raro para ele;

No segundo jogo em BH, o 0 a 0 não refletiu a superioridade Corinthiana...que poderia ter vencido. Enfim, a semi nos aguardava;

Enfrentaríamos o Bahia nas semi-finais;

O primeiro jogo contra os baianos foi num Pacaembú com 60.000 pessoas...publico jamais visto na nossa casa;

Saímos perdendo por 1 a 0 - gol de falta do ex-Corinthiano Vagner Basílio...campeão brasileiro de 1986 pelo bambi;

Empatamos com um gol contra do volante Paulo Rodrigues;

No segundo tempo, Neto fez um gol de falta que originou uma verdadeira explosão humana no estádio do Pacaembú...

Chico era o goleiro do Bahia...esse cara pegou tudo o que pode...mas, cobranças de falta de Neto eram praticamente indefensáveis;

O segundo jogo na Bahia foi regado a muito trabalho de vudú e a fonte nova lotada...tudo contra nós...

Mas aquele foi o dia de Guinei, Jacenir, Marcelo e Giba..alem de Ronaldo...a muralha da fiel!

O 0 a 0 nos colocava pela segunda vez, na nossa história, numa final de brasileiro...tinha que ter um final diferente da roubalheira de 1976;

O time do Bahia...mesmo sem Bobô, que tinha ido para o Flamengo, era um time de respeito;

Naldinho, Zé Carlos, Paulo Rodrigues, Vagner Basílio, Charles (o anjo 45, artilheiro do campeonato de 1990)...entre outros;

Mas, para aqueles operários Corinthianos, nada seria barreira...a força das arquibancadas levariam Neto e seus companheiros longe;

A semana anterior à final foi marcada pela arrogância de Telê Santana e seus comandados...além da pequena torcida bambi;

Para chegar a final, o bambi, venceu o Santos nas quartas (1 a 0 na vila e 1 a 1 no panetone), Gremio (2 a 0 no panetone e 0 a 1 fora);

Tinham Zetti, Cafú, Antonio carlos, Ivan, Eliel, Leonardo, Bernardo entre outros;

No primeiro jogo...logo no começo...Neto cobra falta e Wilson Mano de canela faz o gol da vitória...

Neste jogo...apesar das chances são paulinas, poderíamos ter vencido com 4 ou 5 gols...mas, alguma coisa é fácil para o Corinthians?

Ainda me lembro do são-paulino que veio me cumprimentar pelo "vice-campeonato";

Falei a ele que já tínhamos ganho o primeiro jogo...não ia ser fácil assim..mas, a prepotência tricolor já vinha de muitos anos;

No segundo jogo, os operários Corinthianos entraram acuados, assustados pela pressão tricolor...seguramos o 0 a 0 no primeiro tempo;

No intervalo, Nelsinho (então técnico alvinegro) entrou revoltado no vestiário...deu uma voadora em uma lousa;

Perguntou se queriam entregar o campeonato...

Como aquela não era a vontade dos operários Corinthianos, voltaram para o segundo tempo com outra pegada...

Perto dos 9 do segundo tempo, Neto rouba a bola no meio campo, toca para Fabinho que tabela com Tupãzinho;

Fabinho finta Bernardo, e toca na área para Tupãzinho...ele passa a bola por entre as pernas de Ivan..

Toca para o meio, onde Fabinho iria fazer o gol;

A bola sai mascada, pois o chute fora dividido entre Fabinho e Cafú...

A pelota sobrou para Tupãzinho...debaixo da linha do gol...ele não pensou duas vezes, foi de carrinho com bola e tudo pra dentro do gol;

Um êxtase tomou conta dos mais de 80.000 alvinegros nas arquibancadas;

Este que vos twitta, foi tomado por uma emoção tal que, até hoje, não consegue explicar...vindo muitas vezes até as lágrimas...como agora;

A torcida modinha bambi foi deixando as dependências da sua própria casa...e a fiel foi tomando conta,

O Morumbi virou o Pacaembúu do jogo contra o Bahia...

Um único som ecoava das arquibancadas e contagiava até os 11 jogadores sao paulinos que estavam hipnotizados pela magia alvinegra;

Nada poderiam fazer...o título já estava nas mãos dos operários Corinthianos;

A Fiel ditava o ritmo...Wilson Mano, expulso, junto com Flávio ou Bernardo (não lembro), saiu do vestiário com uma bandeira alvinegra...

Virou o maestro da massa naquele momento;

Incendiou os corações alvinegros ali presentes...

Nesta hora eu me encaminhava para a parte inferior do estádio...aguardando o apito final....era minha chance de invadir o campo...

O São Paulo?? apenas suava em campo e servia como um coadjuvante para nossa conquista;

O Corinthians?? flutuava em campo e aguardava o apito final para levar a taça que já deveria ter levado em 76;

Com o Maestro Wilson Mano regendo a fiel...o juiz apita o fim do jogo;

Invadi o campo, com o rosto molhado por suor e lágrimas e fiquei alguns segundos olhando o placar eletrônico; 

Corinthians campeão Brasileiro 1990!!! 

Meu êxtase Corinthiano se concretizava ali...

Marcelo chorava e apontava a fiel como grande merecedor do título..."esse título é deles...é deles...é pra eles"

A taça era nossa...a volta olímpica enfim era dada...o Brasil tinha o campeão que merecia;

Collor, Cruzado e Cruzeiro, plano de Zélia Cardoso de Mello...o que era isso tudo em face ao campeão do campeões!?

Jacenir desabafa..."um time como o nosso não é timinho...é Timão";

A mídia abutre nos qualificava como um timinho...que só tinha em Neto sua esperança; 

Ledo engano...além de Neto, tinhamos Tupãzinho, Jacenir, Guinei, Ezequiel, Paulo Sérgio, Mauro, Ronaldo, Giba, Marcelo, entre outros; 

Os operários Corinthianos levavam o título...a elite sao paulina se calou e se apequenou diante do clube do povo; 

Márcio Bitencourt (injustiçado em 2005), além da taça, carregava sangue em sua camisa, mostrando que, naquele time de operários tínhamos sangue, suor e lágrimas. O sangue da fiel torcida, que em toda a temporada, fora o 12º. Jogador.

Fica aqui minha pequena homenagem ao time de 1990, em especial a Jairo, que fazia parte do time e faleceu em acidente de carro a pouco tempo. Volante forte e eficiente. Não era craque, mas, nos passava segurança. Estará eternamente em nossos corações!

Meus respeitos a memória de Sérgio Gil, também parte do elenco. Foi negociado com o Inter-RS no começo do ano e a caminho do Sul sofreu um aciente fatal. Seria reintegrado ao elenco, mas, Deus tinha outros planos para sua alma. Márcio lembrou dele na comemoração...ainda no gramado!

Salve o Corinthians! Campeão Brasileiro de 1990! Salve o dia 16 de dezembro de 1990. Pode até não ser feriado, mas trabalharei com um orgulho e tanto no peito.

Meu título mais querido...

Enquanto eu viver, ele será lembrado e homenageado!

Viva os Operários Corinthianos de 1990! 

Viva o Povo Corinthiano!



Comentários deste blog:

A sensação que tive ontem, caro Uilson, no apagar das luzes do dia 15, era de tu estavas psicografando aquele torcedor: olhos fechados, punhos idem, meia-luz, e conforme o campeonato avançava, e com ele a psicografia, surgiam ao teu lado os rostos daqueles heróis. Arrepiei-me diversas vezes e quando dei conta eu não apenas lia, ou fisicamente acompanhava sua narração: eu estava torcendo, jogo a jogo, para um final feliz. Pareceu, Uilson, que fomos Campeões ontem, do campeonato de 20 anos atrás.

1990 é marco para questões político-econômicas. O avanço das ideologias Anlgo-Saxônicas, a Liberalização do Capital em contra-partida às restrições sociais, o fim do Estado de Bem-estar... E a classe operária re-edita a resistência e, contraditoriamente, crava no coração frio do símbolo maior do Paulistantismo decadente, vira-latamente complexado, Brasilianistas nativos conservadores, estrangeiristas cafonas, que este time que é o povo, joga como tal, e que como tal vai vencer se estiver unido e jogar com nossas cartas.

1990 ainda tem escombros.

A cada visita que fazemos a este ano eu levo respostas estusiasmantes, porém perguntas ainda mais desafiadores.

Valeu, Uilson, por compartilhar suas memórias.
 

Guilherme Carneiro Pappi